Depois
de questionamentos por leis estaduais e ações na Justiça, a Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu voltar atrás em
decisão de 2009 e liberou a oferta de medicamentos vendidos sem receita
médica nas gôndolas. Ou seja, eles voltam a ser vendidos fora do balcão
da farmácia.
A decisão deve ser publicada no "Diário Oficial da União" de hoje, segundo Dirceu Barbano, diretor-presidente da agência.
"Os remédios voltam para as gôndolas, com um cuidado adicional: não devem ficar junto de outros produtos", explicou Barbano.
Baseada
em registros de efeitos adversos por uso indevido, a Anvisa
estabeleceu, em 2009, que medicamentos como analgésicos e antitérmicos
ficariam atrás do balcão, fora do alcance direto do comprador -o que,
até então, só era obrigatório para remédios que exigiam receita. Em
gôndolas, só poderiam ser oferecidos produtos como fitoterápicos e
pomadas.
Desde
então, no entanto, essa decisão polêmica foi contestada por mais de 70
processos judiciais e 11 leis estaduais, diz Barbano.
Em São Paulo,
por exemplo, a venda dos medicamentos isentos de prescrição foi
liberada nas gôndolas em março, após decisão da Assembleia Legislativa.
A
possibilidade de o consumidor comparar preços e fugir da pressão do
vendedor foi um dos argumentos usados a favor da liberação.
Leis
estaduais e decisões judiciais em alguns locais criaram assimetria no
país e deixaram a venda dessa categoria de remédios sem critérios
adequados, diz o diretor da Anvisa. Assim, continua ele, a diretoria da
agência consolidou "a percepção de que a medida não atingiu seu objetivo
sanitário".
Fonte: Folha de SP/Diário do Vale, via Portal da Enfermagem
Com
a nova decisão, a venda dos remédios nas gôndolas ganha algumas regras.
Remédios com princípio ativos e concentrações semelhantes deverão ficar
no mesmo local. A agência manteve a obrigação de as farmácias
alertarem, por meio de cartazes, sobre o risco da automedicação.
O
Conselho Federal de Farmácia (CFF) classificou ontem como retrocesso a
decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de permitir
a venda de medicamentos sem receita médica nas gôndolas das drogarias.
-
Disponibilizar qualquer medicamento ao alcance livre da população é um
retrocesso, um incentivo à cultura da automedicação do brasileiro e
representa, de fato, um risco à saúde da população - informou o órgão,
por meio de nota.
Ainda
de acordo com o comunicado, a decisão causou indignação entre os
conselheiros e não respeita a opinião pública. O órgão garante que mais
de 70% das manifestações, colhidas por meio de consulta pública
realizada em abril deste ano, foram contrárias à liberação da venda dos
remédios sem receita fora do balcão da farmácia. Já a Anvisa informou
que a maioria das contribuições apontava para reverter a proibição.
-
O conselho se manterá firme na luta pela saúde pública, pois entende
que dispor os medicamentos isentos de prescrição médica em gôndolas e
prateleiras, ao alcance da população, mesmo que nas farmácias, estimula a
automedicação e o uso indiscriminado - destacou na nota.
Para
o presidente do conselho, Walter Jorge João, existe uma ideia
equivocada, reforçada por interesses comerciais, de que medicamentos sem
receita não fazem mal. Segundo ele, mesmo o mais comum dos antiácidos
pode provocar reações adversas e, por essa razão, os remédios isentos de
prescrição médica não são isentos de riscos.
Fonte: Folha de SP/Diário do Vale, via Portal da Enfermagem
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